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Como Escolher sua Escova Dental

Conheça os diferentes tipos de escovas dentárias para saber escolher e utilizá-las adequadamente

Publicada em 05/10/2021, por Melissa Ferreira Alves Dias, Técnica do MPU – Saúde Bucal

Como já vimos em http://saude.mpu.mp.br/noticias/fio-ou-fita-dental-o-que-devo-usar, é por meio da fricção mecânica que conseguiremos limpar adequadamente a cavidade bucal, a fim de removermos, não apenas resíduos alimentares, como também a placa bacteriana aderida às superfícies bucais. O controle da placa bacteriana e sua completa remoção não só previne a ocorrência da cárie dental e da gengivite, mas também evita a formação de tártaro.

As visitas frequentes ao dentista, uma boa escovação e o uso do fio ou fita dental possibilitarão a manutenção da saúde oral, prevenção de problemas futuros ou, pelo menos, a identificação desses problemas ainda em estágio inicial, trazendo o benefício de um tratamento reabilitador mais simples, quando necessário.

Como a escova dental é o instrumento universal utilizado para a higienização bucal, é importante conhecê-la melhor para saber escolher e utilizá-la adequadamente. Confira!

1. Estrutura das escovas dentárias

Os seus quatro componentes básicos são: as cerdas, a cabeça, a haste (ou intermediário) e o cabo.

A. Cerdas

São os componentes mais importantes das escovas dentárias, já que entram em contato direto com os tecidos bucais. Elas determinam as principais características das escovas, como rigidez, durabilidade e eficiência na remoção da placa bacteriana.

Uma das características das cerdas é a flexibilidade, que proporciona um melhor acesso às superfícies interdentárias, bem como a rigidez ideal que permite uma boa higiene dentária sem provocar danos aos tecidos bucais. Aliados a uma boa durabilidade, esses são os requisitos que devem ser encontrados nas cerdas de escovas dentárias. Elas são classificadas, dependendo da espessura, em:

  • Duras: com diâmetro de cerdas variando de 0,30 ou mais;
  • Médias: com diâmetros variando de 0,23 a 0,29mm;
  • Macias: com diâmetros variando de 0,16 a 0,22mm;
  • Extra-macias: com diâmetros abaixo de 0,22mm.

As cerdas extra-macias preenchem todos os requisitos, sendo o tipo mais indicado para pacientes infantis, por exemplo.

O formato da ponta dessas cerdas também pode variar:

  • Formas cortadas,
  • Formas afiladas ou
  • Formas arredondadas.

Figura: Cerdas afiladas e cerdas arredondadas – fonte: LINDHE J et al. 2010.

Figura: Cerdas cortadas e cerdas afiladas – Fonte: autora.          

O seu arranjo em tufos pode assumir diferentes configurações:

  • Retos,

Figura: Cerdas retas – fonte: autora.

  • Serrilhados,

Figura: Cerdas serrilhadas – fonte: autora.

  • Alternados curtos e longos,

Figura: Cerdas curtas e longas – fonte: https://oralb.com.br/pt-br/produtos/escova-dental-oralb-3d-white-advantage

  • Multidirecionais,

Figura: Cerdas multidirecionais– fonte: https://www.onofre.com.br/oral-b-escova-dental-pro-saude-7-beneficios-leve-2-pague-1.html

  • Inclinados ou Ondulados.

Figura: Cerdas onduladas – fonte: autora.

Idealmente, o comprimento das cerdas deve ser uniforme (arranjo dos tufos retos) para permitir um contato e ação simultânea de todas as cerdas da escova, bem como uma pressão uniforme.

Quanto ao material, atualmente, as cerdas das escovas dentárias são feitas de nylon, devido à sua superioridade em relação às cerdas naturais, quanto à impermeabilidade, resistência à fratura, uniformidade de tamanho e homogeneidade do material. Além disso, o diâmetro das fibras de nylon, por ser mais regular, resulta em cerdas mais arredondadas, o que evita danos aos tecidos bucais, bem como sua deformação.

B. Cabeça

É a parte das escovas que sustenta os tufos de cerdas. Seu tamanho deve ficar entre 25 e 32 mm, com 8 a 11 mm de largura e ela deve conter 3 x 6 ou 3 x 8 fileiras de tufos, ou seja, ser de tamanho médio ou pequeno. Para as crianças, o tamanho indicado é o pequeno o que abrange, durante a escovação, dois a três dentes adjacentes de uma vez, e permite que as crianças possam alcançar todos os dentes e as bordas gengivais.

A cabeça deve se situar no longo eixo do cabo. E, quanto ao formato, existem diversos tipos no mercado brasileiro desde arredondados até triangulares, mas, não existe uma especificação recomendada, pelo fato de a literatura não ter demonstrado diferenças na efetividade de remoção da placa bacteriana, entre eles.

Figura: Diversos formatos de cabeça de escovas

Fonte: CARRANZA FA, Newman, MG et al.2016.

C. Haste

É o componente que liga o cabo à cabeça das escovas. Geralmente, podem ser retas ou anguladas.

Figura: Haste angulada (esquerda) e haste reta (direita) – fonte: autora.

Recomenda-se o uso de escovas com hastes retas, pelo fato delas permitirem um contato mais uniforme das cerdas com toda a superfície dentária.

D. Cabo

É o componente responsável pela sustentação da cabeça e manuseio da escova.

Figura: Cabo retangular (esquerda) e cabo achatado (esquerda) – fonte: autora.

O cabo deve ter uma forma retangular ou achatada, a fim de permitir melhor apoio. Além disso, deve ser reto e volumoso, já que isso facilita a empunhadura e o acesso à cavidade bucal.

Na escolha da escova para crianças, deve-se considerar se a higienização será feita pelo responsável ou pela própria criança, de acordo com a idade. Para crianças menores (abaixo de 6 anos), quando o adulto realiza a escovação, são indicadas escovas de cabo longo, em torno de dez a treze centímetros, já que eles proporcionam uma boa empunhadura por parte do responsável. No caso de crianças que realizam a própria escovação, devem-se indicar escovas com cabos menores, mais espessos e emborrachados, a fim de facilitar a apreensão.

Figura: Escova de cabo mais longo para o cuidador e outra de cabo mais curto para a criança – Fonte: https://www.alobebe.com.br/kit-com-2-escovas-de-dentes-boys-8215.html,772.

2. Conservação

Idealmente, a escova deve ser guardada limpa, sem resíduos (de creme dental ou alimentos), sem excesso de umidade, em lugar onde possa secar com rapidez e sem entrar em contato direto com outras escovas.

Além disso, a forma de acondicionamento das escovas dentais também pode interferir na presença de microorganismos. As escovas dentais acondicionadas sobre a pia do banheiro apresentam maior crescimento de bactérias, sendo que 70% estavam contaminadas e apresentaram dois gêneros de coliformes fecais. As escovas dentais acondicionadas em caixa de acrílico atingiram 40% de contaminação, com presença de enterobactérias representadas por coliformes fecais, enquanto as que ficaram acondicionadas no armário não apresentaram crescimento, após 24 horas.

3. Tempo e horário de escovação

Independente do risco de cárie e doença periodontal, indica-se a escovação dos dentes três vezes ao dia: pela manhã, após o almoço e à noite (após o jantar, ou antes de dormir). É necessário que a escovação seja realizada sem pressa, minuciosamente, tocando todas as superfícies dentárias e higienizando-se a língua também, preferencialmente não com a escova, mas com um limpador de língua. Para conseguir tudo isso, leva-se em torno de dois minutos, pelo menos. A escovação realizada à noite (antes de dormir) deve ser a mais criteriosa.

A escova dental foi eleita por ser um instrumento popular, efetivo, difundido e acessível a todos. Ela tem importante papel não só no controle da placa bacteriana, mas também na remoção das manchas extrínsecas que se formam sobre a superfície dos dentes, assim como pela liberação dos princípios ativos que os dentifrícios contêm.

Sabe-se que o método mecânico é o mais eficiente e que alguns fatores podem influenciar nos resultados obtidos como a técnica empregada, a qualidade do material preventivo que se usa, a destreza com que o indivíduo higieniza seus dentes e tecidos moles bucais, além do tempo e da frequência de escovação, sem falar no grau de instrução de higiene bucal e nos reforços de hábitos de higiene que recebeu do seu dentista. Também se observou que tanto as escovas elétricas quanto as manuais são eficazes na remoção da placa bacteriana. A melhor escova continua sendo aquela usada adequadamente.

Em relação ao tempo de uso das escovas para sua substituição, a RDC da ANVISA Nº142/1713 determina que o fabricante deve indicar na embalagem a substituição da escova a cada 3 (três) meses após iniciar o uso, ou conforme orientação do dentista. Em caso de deformação das cerdas, a escova precisa ser trocada imediatamente, já que ela perde a eficácia da sua ação de limpeza bucal.

A escolha do tipo de escova a ser indicada para cada indivíduo deve ser baseada no bom senso, considerando suas características e dificuldades, poder aquisitivo e potencial motivador.  Portanto, a escolha da escova dental é peculiar a cada indivíduo, não existindo um tipo de escova ideal para todos. 

Porém, algumas características da escova dental manual devem ser observadas:

1)      Tamanho do cabo apropriado para a idade e destreza do usuário, de modo que a escova possa ser fácil e corretamente usada;

2)      Cabeça e haste preferencialmente retas (situada no mesmo eixo);

3)       Tamanho da cabeça apropriado para as dimensões da boca do paciente (pequeno ou médio);

4)        Formada de filamentos de poliéster ou de náilon com extremidade arredondada de diâmetro não-superior a 0,23mm (macias ou extra-macias);

5)       Formada de cerdas com configuração definida pelos padrões aceitáveis da indústria internacional (ISO);

6)      Modelo de cerdas que aumentem a remoção da placa nos espaços interproximais e ao longo da margem gengival - tufos de cerdas nivelados (retos - todos com o mesmo comprimento) são os mais citados como ideais.

7)      Características adicionais: baixo preço, durabilidade, leveza, impermeabilidade à umidade e fácil limpeza.

Todas as escovas dentais comercializadas com o Selo ABO de Qualidade, apresentam extremidades arredondadas das suas cerdas e uma relação correta da classificação de maciez/rigidez das cerdas impressa no rótulo.

 

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