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Monkeypox (MPX)

SSI-Saúde publica artigo sobre a varíola dos macacos

Publicada em 25/08/2022, pela Secretaria de Serviços integrados de Saúde do MPF (SSI-Saúde)

A Monkeypox (MPX) é uma doença zoonótica (transmitida de animais para humanos) causada por vírus que pertence ao gênero Ortopoxvírus da família Poxviridae e é caracterizada por uma erupção cutânea pustular (Figura 1), semelhante à varíola.

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Figura 1: Erupções cutâneas causadas pelo vírus Monkeypox.
Fonte: Diagnósticos diferenciais para Monkeypox. Saúde Já – CRM, Curitiba – PR.

É uma doença normalmente restrita à África Ocidental e Central, onde foi descoberta em 1970, com casos esporádicos documentados fora do continente Africano.

Surto Atual

A partir de maio de 2022, casos de Monkeypox foram progressivamente registrados em diversos países da Europa, América do Norte, América do Sul, África, Ásia e Oceania. No Brasil, até o momento, há registro de cerca de 4.000 casos, sendo a maioria no estado de São Paulo.

Como o vírus é transmitido?

Evidências sobre fontes de infecção e padrões de transmissão ainda são incipientes. Os casos iniciais foram associados a viagens, no entanto, atualmente, já tem sido constatada a presença de transmissão local. As formas de transmissão são:

a) Contato direto com indivíduos que apresentam lesões em pele e mucosa, seja pele-pele, mucosa-mucosa ou ainda mucosa-pele, onde o vírus entra em lesões de pele, mucosas (oral, faringe, ocular e genital);

b) Gotículas e aerossóis, o vírus entra pelo trato respiratório durante contato próximo prolongado ou contato físico íntimo;

c) Contato indireto por meio de roupas, objetos e superfícies contaminadas por lesões cutâneas ou fluidos corporais;

d) Transmissão transplacentária – o vírus atravessa a placenta e infecta o bebê, desenvolvendo risco de complicações intrauterinas, aborto e monkeypox congênito.

A forma de contato mais importante é por meio do contato com as leões de pele ou mucosa. As pessoas com o vírus e lesões transmitem a doença quando iniciam os sintomas clínicos até a cicatrização das lesões de pele(epitelização).

Apesar do risco de transmissão generalizada permanecer baixo, a rápida identificação e o isolamento dos indivíduos afetados são fundamentais para evitar transmissão adicional.

Período de incubação da doença

Periodo de incubação é o tempo decorrido entre a exposição ao vírus e a manifestação inicial  da doença. Para o caso da Monkeypox, este período varia entre 5 a 13 dias, podendo chegar a 21 dias. No surto atual há relatos que o período de incubação médio é de 8,5 dias.

Quais são os sintomas da doença?

- Sintomas iniciais: febre, sudorese, dor de cabeça(cefaleia), dor no corpo (mialgias) e cansaço(fadiga).

- Quadro cutâneo (pele):  Cerca de 1 a 3 dias após a febre, surgem as lesões de pele, que habitualmente afetam o rosto e as extremidades. Estas lesões evoluem de máculas para pápulas, vesículas, pústulas e, posteriormente, crostas (Figura 2 e Figura 3).  As lesões podem permanecer por 2 a 3 semanas.

Figura 2: Lesões cutâneas causadas pelo vírus Monkeypox.

Fonte: Diagnósticos diferenciais para Monkeypox. Saúde Já – CRM, Curitiba – PR.

Figura 3: Evolução das lesões cutâneas causadas pelo vírus Monkeypox.
Fonte: Diagnósticos diferenciais para Monkeypox. Saúde Já – CRM, Curitiba – PR.

A presença de linfadenopatia (aumento de gânglio linfático – “íngua” ) é uma importante característica da doença. As lesões são frequentemente dolorosas até a fase de cicatrização, quando começam a apresentar prurido (coceira).

Como o diagnóstico é realizado?

O diagnóstico é atualmente confirmado com o exame molecular (PCR em Tempo Real e/ou Sequenciamento). A coleta de material das lesões é realizada por meio de swab (cotonete) no laboratório.  á está disponível em nosso meio. É necessário pedido médico específico.

Como é realizado o tratamento?

A doença do surto atual tem normalmente um curso leve e limitado. O tratamento é realizado para aliviar os sintomas e para evitar infecção secundária por bactérias na pele. 

Quadros mais severos com lesões extensas na pele podem necessitar internação hospitalar.  Em casos mais graves podem ser usados antivirais como o Tecovirimat (recentemente liberado para uso no país).

Vacina contra a Monkeypox

Existem duas vacinas desenvolvidas para combater a varíola humana, doença considerada erradicada pela OMS em 1980. Ambas se mostraram capazes de induzir a produção de anticorpos protetores contra a MPX e já estão sendo usadas em alguns países.

Recentemente, houve liberação por parte da ANVISA da vacina Jynneos (tal como é conhecida nos Estados Unidos) ou Imvanex (Europa). Ela é composta pelo virus vaccinia modificado da cepa Ankara, sendo destinado a adultos com idade igual ou superior a 18 anos.

Cuidados gerais para prevenir a Monkeypox

Por ser transmissível, a doença exige cuidados para a identificação dos pacientes, o isolamento, a notificação dos casos, a realização de testes laboratoriais e o monitoramento dos contatos. Para se prevenir do Monkeypox é necessário redobrar os cuidados no dia a dia, adotando medidas simples de:

  • Higienizar as mãos com frequência;
  • Usar de luvas descartáveis se houver necessidade de curativo ou manejo das lesões. Descartar as luvas corretamente após o uso;
  • Pacientes infectados pelo vírus devem ser isolados em quarto separado dos outros membros da família e animais de estimação. Isso é muito importante no caso de lesões extensas, que não podem ser facilmente cobertas e àquelas com sintomas respiratórios;
  • Se houver necessidade de contato próximo com outras pessoas, as lesões de pele devem ser cobertas (por exemplo, com mangas compridas, calças compridas) para minimizar o risco de contato com as lesões de pele/mucosa;
  • Pessoas da família também devem usar máscara facial na presença da pessoa com a patologia, principalmente se há sintomas respiratórios;
  • Uso de preservativo em todos os tipos de relações sexuais (oral, vaginal, anal) uma vez que a transmissão pelo contato íntimo tem sido a mais frequente;
  • Se houver presença de alguma lesão na área genital, procurar atendimento médico;
  • Em caso de lesões suspeitas ou contato próximo com pessoa com diagnóstico suspeito ou confirmado, procurar atendimento médico.

 

Referências

Ministério da Saúde do Brasil. Nota Técnica Sobre Monkeypox. NOTA TÉCNICA No 46/2022- CGPAM/DSMI/SAPS/MS, de 01/08/2022. Brasília: MS; 2022.

Ministério da Saúde do Brasil. Nota Informativa Sobre Monkeypox. NOTA INFORMATIVA N° 6/2022- CGGAP/DESF/SAPS/MS, de 06/07/2022. Brasília: MS; 2022.

UPTODATE. Monkeypox. Disponível em: www.uptodate.com. Acesso em 19/07/2022.

CRM - PR. CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DO PARANÁ. Atlas com Imagens de Diagnósticos Diferenciais para Monkeypox. Disponível em: https://www.crmpr.org.br/Estado-do- Parana-confirma-primeiro-caso-de-monkeypox-paciente-e-de-Curitiba-11-57742.shtml. Acesso em: 19/08/2022.

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