O estresse é o mal do século ou ele pode nos ajudar?
O estresse é o mal do século ou ele pode nos ajudar?
Publicada em 18/09/2018, por Adérito Guedes da Cruz Filho, médico reumatologista
É muito comum o uso da palavra estresse e seus derivados – estressado(a), estressante, estressar etc. – para designar as mais variadas situações. Mesmo os dicionários trazem definições diferentes.
De forma simples, estresse vem do inglês “stress” que significa pressão ou tensão. O termo pode ser usado para designar uma pressão ou tensão física (o estresse que a estrutura de uma ponte sofre com o passar de veículos), biológica (a pressão fisiológica que uma infecção causa num determinado organismo), ambiental (a pressão que o uso desmedido da água exerce sobre determinado ambiente), ou emocional.
Este último, o estresse emocional, é a tensão criada frente a uma situação que determine a necessidade de adaptação do indivíduo – de uma reação diante de determinado evento – e que mobilize as suas emoções.
No fim da década de 1960, dois psiquiatras – Thomas Holmes e Richard Rahe – elaboraram uma escala, baseada em avaliação de mais de 5 mil pessoas, que pretendia classificar 43 eventos de vida quanto à sua capacidade de causar estresse. É claro que desde aquele tempo, a vida ficou muito diferente e as demandas se modificaram, mas essa escala dá uma boa ideia dos maiores estressores. Entre eles, destaco:
Evento | Pontos |
Casamento | 50 pontos |
Gravidez | 40 pontos |
Divórcio | 73 pontos |
Reconciliação marital | 45 pontos |
Morte do cônjuge | 100 pontos |
Problemas com sogros/cunhados/enteados | 29 pontos |
Demissão do emprego | 47 pontos |
Aposentadoria | 45 pontos |
Mudança nas responsabilidades no trabalho | 29 pontos |
Mudança nas condições/número de horas de trabalho | 20 pontos |
Morte de um membro próximo da família | 63 pontos |
Doença própria | 53 pontos |
Veja que casamento, gravidez, aposentadoria costumam ser eventos geralmente encarados como positivos; ainda assim são classificados entre grandes estressores. Assim, nem todo estresse é necessariamente negativo. O estresse associado a uma motivação – de levar adiante um projeto de nosso interesse, de preparar um jantar romântico para a pessoa amada, de preparar uma viagem de férias muito esperada – pode ser muito positivo (ou “eustress”). Assim também o estresse relacionado a um sentimento tido como negativo também pode ser positivo, especialmente se for o motor de uma mudança, por exemplo, o medo de altura pode ser motivação para aulas de paraquedismo, o medo de exposição em público pode ser motivação para um curso de teatro, e daí para um “hobby”…
Mas, o estresse também pode ser danoso. Isso acontece quando esse estado de mobilização emocional/fisiológico passa dos limites, tanto em intensidade quanto em duração. Quando se refere ao mau estresse emocional (ou “distress”), uma das definições amplamente aceitas é a de Richard S. Lazarus: é a condição ou o sentimento experimentado quando uma pessoa considera que a demanda excede os recursos pessoais e sociais que ele/ela é capaz de mobilizar.
Nesse caso, sintomas podem aparecer:
– Problemas para dormir ou manter o sono;
– Sono ineficaz
– Alterações de humor
– Sensação de fadiga desproporcional às atividades
– Tensão muscular e dores no corpo
– Mudanças de apetite
– Problemas de atenção concentração e memória
O estresse, entretanto, não se resume à reação a um agente externo. Há componentes externos e internos que determinam nossa reação às situações:
Externos: mudanças ambientais (mesmo que positivas) que exigem adaptação sejam a longo prazo, mas também a curto prazo (pequenos imprevistos).
Internos: personalidade, hábitos, crenças pessoais, sociabilidade, etc.
Por isso, uma mesma situação pode ser altamente estressante e causadora de grande sofrimento para uma pessoa, enquanto pode ter impacto irrelevante para outra”.
Na série Controle do Estresse do Saúde em Rede, professores de Mindfulness (Atenção Plena) nos ajudam a entender o que é o estresse, se ele deve ser evitado, se é é sempre negativo e quando o estresse passa a ser danoso.
Confira os vídeos entenda mais sobre estresse conheça algumas técnicas para seu manejo!