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Uso de aparelhos ortodônticos fixos: como evitar problemas!

Uso de aparelhos ortodônticos fixos: como evitar problemas!

Publicada em 10/06/2021, por Por Leandro Alves Rabelo - Técnico do MPU / Saúde Bucal

Todas as pessoas que procuram um ortodontista têm a intenção de resolver um problema! Porém, o uso de aparelhos ortodônticos, sem a devida orientação e cuidado, pode levar a uma série de problemas bucais. Saiba o que fazer para prevenir!

Usar aparelho ortodôntico se tornou um evento marcante na vida de milhões de brasileiros nos últimos anos. Com o aumento de profissionais no mercado e a redução de custos, o desejo de ter “dentes retinhos” se tornou uma realidade para muitas pessoas.

Os aparelhos fixos são instalações orais, feitas para corrigir dentes tortos e problemas de mordida. A união das peças coladas nos dentes - os braquetes - e ligas de aço inoxidável -os arcos metálicos - tem como objetivo mover lentamente os dentes para a posição correta e ideal. Atualmente essa é a forma mais comum de tratamento ortodôntico, demandando atenção, cuidados diários e acompanhamento periódico com o dentista responsável.

Pensando nos membros e servidores do Ministério Público da União, que procuram os serviços de odontologia, há três problemas comumente observados. São eles:

1 - CÁRIES E MANCHAS PERMANENTES NOS DENTES

Fig. 1: Note as manchas esbranquiçadas e opacas na região mais próxima da gengiva.
Fonte: BOURZGUI et al. (2011).

Com tantas estruturas unidas ao dente por resina, a placa bacteriana tem muitos locais para se alojar e acumular.

A falta de cuidados adequados para remover esse acúmulo da placa bacteriana (biofilme) nos braquetes e nas áreas onde o aparelho fixo dificulta o acesso das escovas e do fio dental pode causar também a desmineralização dos dentes, deixando manchas brancas em torno das peças.

Sabendo disso, a higiene bucal deve ser meticulosa e redobrada para evitar futuros problemas. Quem usa aparelhos fixos deve separar a tarefa da higiene bucal em 3 etapas principais:

A) Escovação dos dentes

A primeira delas deve ser feita com uma escova macia. Para limpar os dentes em cima e embaixo dos brackets do seu aparelho fixo, principalmente a região próxima do dente e da gengiva. Sim, a sua escova de dentes macia vai durar pouco tempo: o atrito das cerdas com as estruturas de metal faz a vida útil das suas escovas reduz consideravelmente.

B) Escovação dos “cantinhos”

O entorno da resina que une os brackets ao dente tem um acúmulo grande de restos de alimentos e bactérias. Por isso, a escovação deste cantinho pode ser feita com a escova interdental. Disponível em diversos tamanhos, as interdentais mais indicadas para realizar esse tipo de limpeza são as escovinhas vermelhas 0.5mm, azul 0.6mm e amarela 0.7.

Porém, o tamanho depende do espaço disponível entre a superfície do dente e o arco do aparelho.

C) Escovação entre os dentes e escovação dos braquetes

O espaço entre um dente e outro é côncavo e tem ranhuras em toda sua superfície. Todos esses espaços dos aparelhos fixos acumulam biofilme e podem gerar cáries, tártaro, e outros problemas na saúde bucal. As superfícies de sustentação do arco devem estar sempre bem limpas. O metal com diversas ranhuras e sempre úmido é o local ideal para bactérias se “esconderem”.

Para higienizar essas estruturas, você pode utilizar uma escova unitufo. Suas cerdas compactas são perfeitas porque limpam as borrachinhas do aparelho sem ficar presa nos ganchos. Além disso, usar o fio dental é absolutamente necessário.

É dever do seu ortodontista dar as orientações necessárias para uma higienização adequada, além de oferecer opções de tratamento diferentes dos aparelhos fixos - caso seja possível.

Por isso, aproveite sempre a consulta de avaliação ortodôntica e tire todas as suas dúvidas!

2 - A REABSORÇÃO RADICULAR

Fig. 2 : Imagem radiográfica evidenciando reabsorções radiculares em vários dentes de uma pessoa do sexo feminino e que fez uso de aparelho ortodôntico durante 8 anos com uso contínuo de elásticos.
Fonte: CONSOLARO et al. (2011).

 A redução do comprimento das raízes dos dentes, é inerente ao tratamento ortodôntico; em geral, tais reabsorções são de pequena magnitude e não causam prejuízos. Muitas vezes essa pequena reabsorção é descrita nos laudos radiográficos como arredondamento apical.

Entretanto, em raros casos, esta reabsorção radicular pode ser excessiva, comprometendo seriamente a longevidade dos dentes envolvidos.

Apesar de diversos fatores intrínsecos, clínicos, genéticos e relacionados ao tratamento ortodôntico terem sido descritos na literatura médica, os mais frequentemente descritos como reais fatores de risco para reabsorções são o tempo de tratamento ortodôntico prolongado e a aplicação de grandes “forças” nos dentes.

O resultado de reabsorções radiculares avançadas é a perda de inserção dos dentes, que pode ter como sinal visível a mobilidade dentária, ou seja, os dentes ficam amolecidos. É algo semelhante ao que acontece com os chamados “dentes de leite”. O problema é que não existe mais um dente sucessor, caso a opção de tratamento seja a remoção desses dentes afetados pela reabsorção.

Os dentes mais susceptíveis à reabsorção radicular são os incisivos centrais superiores, seguidos dos incisivos inferiores e os primeiros molares inferiores. Isso provavelmente é devido à extensão da movimentação ortodôntica nesses dentes ser geralmente maior que no restante da dentição.

Pelo fato de a reabsorção radicular ser imprevisível e depender de múltiplos fatores, é necessário que seu ortodontista explique as metas esperadas para seu tratamento, inclusive o prazo estimado para conclusão. Adicionalmente, a solicitação de exames radiográficos durante o tratamento é importante para comparar se a reabsorção segue os padrões de normalidade.

3 - ALTERAÇÕES PERIODONTAIS

 

Fig. 3: Dentes submetidos a retratamento ortodôntico, depois de um tratamento com resultado desfavorável.
Fonte: CARVALHO et al. (2000)

 A saúde dos tecidos de suporte (osso alveolar) e de proteção (gengiva) pode ser afetada pela movimentação ortodôntica, principalmente quando houver alterações anatômicas desfavoráveis (como por exemplo, pequena faixa de gengiva inserida) ou uma condição patológica prévia ao tratamento (doença periodontal).

O número de pessoas adultas que procuram o tratamento ortodôntico tem aumentado sensivelmente nos últimos anos. Muitas vezes esses casos requerem um plano de tratamento e mecânicas mais complexas. Geralmente o tratamento ortodôntico desses pacientes é bastante limitado, seja por diminuição exagerada do suporte ósseo, ou pela falta de ancoragem devido às perdas de alguns dentes.

Deve-se considerar no tratamento uma abordagem multidisciplinar, com elaboração de um plano de tratamento bastante diferenciado, adequando a mecânica à necessidade de cada indivíduo em particular. Isso significa que a avaliação e o parecer de um especialista em periodontia são fundamentais para que o tratamento avance sem surpresas desagradáveis.

Isso porque as gengivites (inflamação das gengivas) podem ser agravadas durante o tratamento ortodôntico, caso não se faça um rígido controle de placa bacteriana - com escovas e o fio dental. Em casos específicos, o tratamento periodontal (inclusive cirúrgico) poderá ser necessário antes, durante ou após a terapia ortodôntica.

Diante de tantos problemas, é fundamental que você escolha profissionais conscientes das suas necessidades de tratamento e que conheçam técnicas alternativas para minimizar esses problemas descritos.

E sempre que tiver alguma dúvida, lembre-se: estamos aqui para ajudar você nas escolhas que ajudarão no seu bem-estar!

Nós estamos aqui por você! Mais em saude.mpu.mp.br

 

Referências:

BOURZGUI, Farid; SEBBAR, Mourad; HAMZA, Mouna. Orthodontics and Caries, Principles in Contemporary Orthodontics, Dr. Silvano Naretto (Ed.), ISBN: 978-953-307-687- 4, InTech, p. 309-326, 2011.Disponível em:http://www.intechopen.com/books/principles-in-contemporary-orthodontics/orthodontics-and-caries

CONSOLARO, Alberto; FRANSCISCHONE, Telma; FURQUIM, Laurindo. As reabsorções radiculares múltiplas ou severas não estão relacionadas a fatores sistêmicos, suscetibilidade individual, tendência familiar e predisposição individual. Dental Press J Orthod, n. 17, p. 17-21, 2011

OLYMPIO, Kelly et al. Prevenção de cárie dentária e doença periodontal em Ortodontia: uma necessidade imprescindível. R Dental Press Ortodon Ortop Facial Maringá, v. 11, n. 2, p. 110-119, mar./abril 2006

PETRAUSKIENE, Sandra et al. Self-Reported Changes in Oral Hygiene Habits among Adolescents Receiving Orthodontic Treatment. Dentistry Journal, n. 7, v. 96, p. 1-12, 2019

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