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Dentes Sisos: Porquê e Para quê?

Dentes Sisos: Porquê e Para quê?

Publicada em 22/04/2021, por Guilherme Guerra – Técnico do MPU / Saúde Bucal

Muitas pessoas ainda nos perguntam para que servem os dentes sisos! Se estes dentes devem ou não serem extraídos; e, ainda, quais são as recomendações nos casos de extração.

Confira!

As teorias propostas por Charles Darwin (1809-1882), Evolução e Uso e Desuso, permitem entender como as espécies mudam com o passar do tempo. No caso dos seres humanos, os Órgãos Vestigiais, são exemplos de estruturas que já tiveram sua utilidade no passado. Fazem parte desse grupo o cóccix (no final da coluna vertebral), o apêndice (intestino grosso) e os terceiros molares, popularmente chamados de dentes sisos.

Os sisos são heranças do homem primitivo. Naquela época, esse órgão era de extrema importância, pois, além de não haver instrumentos de corte, como as facas, os alimentos eram consumidos crus. Como consequência, os maxilares dos homens pré-históricos tinham um tamanho muito maior que o padrão atual. Com o passar dos séculos, as arcadas foram diminuindo de tamanho, acompanhando a evolução dos métodos de cocção dos alimentos e a adoção de uma alimentação mais pastosa pelos humanos. Com isso, o terceiro molar tornou-se praticamente obsoleto e sem espaço na cavidade bucal.

MAS ENTÃO, O QUE É O DENTE DO SISO?

Os dentes do siso são os últimos dentes molares que nascem em nossa arcada dentária, ocupando os lados de cada maxilar. Eles receberam esse nome porque costumam nascer entre os 16 e os 21 anos (idade do juízo – siso, em latim). Justamente pelo nascimento tardio, é muito comum que haja pouco ou nenhum espaço para que esses dentes fiquem acomodados em nossa boca.

É REALMENTE NECESSÁRIO EXTRAIR OS SISOS?

Nem sempre. A avaliação pelo cirurgião dentista é fundamental para se responder essa questão. Se os sisos estiverem em posição, ou com espaço suficiente, e se a higienização do paciente for satisfatória, não há motivos para a extração.

QUANDO É NECESSÁRIO EXTRAIR O DENTE DO SISO?

A extração dos sisos é indicada sempre que há a presença de dor no local, dificuldades na mordida, desconforto ou falta de espaço para estes molares. Embora a maioria das pessoas só procure o dentista depois de sentir a dor provocada quando o siso rasga a gengiva, especialistas indicam que o melhor período para retirá-lo é, em média, entre os 15 e os 18 anos, antes dos sisos aparecerem na cavidade bucal, pois a raiz ainda estará em formação, facilitando sua remoção.

O QUE ACONTECE SE EU NÃO RETIRAR OS SISOS?

As consequências podem variar desde pequenas cáries e doenças gengivais, a até cistos e tumores. Em alguns casos, problemas maiores podem surgir. A Pericoronarite, uma inflamação na gengiva que circunda os sisos, é um problema que acomete com bastante frequência pacientes que não extraíram os sisos. Por isso, independentemente de sua extração ou não, a avaliação por um profissional se torna de extrema importância.

EU POSSO EXTRAIR O SISO “INFLAMADO”?

Não é recomendado, pois a cirurgia expõe o meio interno através de vasos, nervos e ossos. Com isso, “abre caminho” para a entrada das bactérias bucais e, como consequência, desordens mais graves podem acontecer. Por isso, o ideal é que a inflamação/infecção local seja tratada, para que em seguida se realize o procedimento cirúrgico.

OS DENTES DO SISO PODEM ENTORTAR OS OUTROS DENTES DA ARCADA?

Não. Um dente não tem o potencial de empurrar os outros. O que acontece é que os sisos “travam” o espaço dos outros dentes, fazendo com que, durante o seu uso (mastigação, fala, etc.), não haja espaço para a movimentação natural dos outros dentes da arcada, ocasionando seu desalinhamento.

É PERIGOSO EXTRAIR OS SISOS? POSSO TIRAR OS QUATRO DE UMA VEZ?

No geral, as exodontias dos sisos são consideradas procedimentos cirúrgicos simples. Porém, é de extrema importância que seja realizada por profissionais capacitados para este fim e que possam resolver as intercorrências, caso necessário.

A decisão de extração múltipla, após avaliação pelo cirurgião, é do paciente. O profissional explicará os prós e contras da remoção por etapas e da extração em sessão única. Cabe ao paciente decidir a melhor para ele, até mesmo porque, o pós-operatório, normalmente, é o mesmo para os dois casos.

QUANDO EXTRAI O SISO, FICA INCHADO?

Sim! Extrair um siso requer um procedimento cirúrgico simples, porém sério. Devido ao dano nas gengivas e nos ossos da boca, é normal que, após algumas horas, ocorra um inchaço nas bochechas. Para que isso não aconteça e seu pós-operatório seja menos complicado possível, é preciso seguir atentamente aos cuidados e indicações do profissional.

QUAIS AS RECOMENDAÇÕES APÓS EXTRAIR OS DENTES SISOS?

Esse é um ponto de extrema importância para o sucesso da cirurgia. O pós-operatório deverá ser seguido à risca pelo paciente, para que a cicatrização evolua com o mínimo de intercorrências possíveis.

O paciente deverá permanecer em repouso absoluto por três dias. A alimentação, nesse momento, será líquida ou pastosa, fria ou gelada. Evitar se agachar, levando a boca abaixo do nível do tórax. Evitar fontes de calor (sol, fogão, banhos muito quentes). Aplicação de compressas de gelo na área operada é de extrema importância para que evite/diminua o inchaço. Evitar fumo, bebidas alcoólicas e/ou gaseificadas, cuspir ou bochechar, e manter a higienização bucal.

QUANTOS DIAS DE ATESTADO? QUANDO POSSO VOLTAR ÀS ATIVIDADES FÍSICAS?

Depende de cada caso. O profissional avaliará de acordo com a dificuldade da cirurgia, a possibilidade de complicações e a disponibilidade de repouso do paciente. Em média, o atestado varia de 3 a 5 dias.

Com relação às atividades físicas, recomenda-se esperar ao menos a remoção dos pontos, o que acontece em 7 dias após o procedimento cirúrgico.

COMO SABER SE O DENTE EXTRAÍDO ESTÁ CICATRIZANDO?

A cicatrização da gengiva ocorre de 7 a 21 dias. Já a cicatrização óssea e total remodelação da área demora de 03 a 06 meses após o procedimento. Como tal, não se assuste com o “buraco” existente no local. A gengiva irá preenchê-lo até que o osso termine de ser formado.

O ideal é sempre procurar um profissional capacitado para esse tipo de procedimento. Seguindo-se todas as orientações, a cirurgia tende a ser um sucesso, sem traumas e dores.

Saiba mais em saude.mpu.mp.br.

 

Referências consultadas

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MATOS et al. Terceiros Molares Inclusos: Revisão de Literatura. Rev Psicol Saúde e Debate, 3 (1) 34-9, jan, 2017; MEDINA et al. Extração Ortodôntica de Terceiro Mola: Gera Benefícios? RGS, 17 (2) 1-11, 2017;

NORMANDO, D. Third Molars: To Extract or Not to Extract? Dental Press J Orthod, 20 (4) 17-8, jul/aug, 2015;

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TELES, TH. Extracção Profiláctica de Terceiros Molares. 2013. 65p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) – Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2013.

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